Grande , Sereno e Extenso
Caudaloso ,Barrentas e Turvas são tuas águas o Poderoso : Rio Xingu !
Entre braços e abraços ,
entre curvas es aí a tua reserva :
Parque Xingu, Parte da historia do Rio que chora.
Branco não sabe o que faz !
Não pensa no que irá fazer e imagina que iremos viver.
Mais viver como ?
Sem água que me banha ,
que me acompanha nessa velha esperança de viver.
Só em pensar que meu sustento vai ser tomado ,
arrancado de mim, me vem logo a tristeza
em conhecer que irei falecer.
Meu sustento vem da pesca ,
de idas é vindas nesse Rio,
de remada após remadas sigo rumo a esperança pela fartura,
sustento e alegria para minha aldeia.
Brota dessas águas o meu amanhã ,
nasce nesse Rio o futuro do meu Kurumim.
Mas a morte de meu Rio está decretada pelo Branco,
será cortado ao meio, atravessado como uma caça.
Sim … o meu sustento !
O meu irmão pelas manhãs ,
amigo pelas tardes, será ferido mortalmente.
De um lado ficara cheio, alagando meu verde,
do outro secará, como minha Esperança de velo Livre , Solto e Eternamente soberano.
As lágrimas que escorrem em meu rosto,
são como palavras de meus ancestrais
que viveram aonde hoje vivo ,
Lágrimas de lamento de ver que Nós morreremos novamente pela Ganância do branco .
Já não tenho mais minha caça,
pois estão transformando todo meu verde em cinzas ao redor de meu Parque…
E o que me resta agora querem acabar , destruir e construir sua tal de hidrelétrica,
guiada por esse Progresso que traz essa praga para dentro de ti : Xingu !
Os Povos da Floresta choram tua morte.
Pois não poderás mais abraçar teus kurumins pelas manhãs,
e nem saciar seus guerreiros.
Serás impedido de sustentar seus filhos.
Pois construirão cegos pela ganância sua hidrelétrica,
e destruirão pela impotência Meu Rio.
Anderson Vieira
Poeta Parintinense